segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Terei ou não terei...

Terei eu ou não razão...
Toda a vida me culparam de ser egoista, egocêntrica e problemática! Tudo relacionado comigo quereria dizer: uma carga de trabalhos! Empurrada para aqui, empurrada para ali, sempre andei um bocado à deriva e na realidade mesmo o que eu realmente queria era alguém que... me ouvisse! Verdade, pura e simplesmente, alguém que me ouvisse! Mas é claro que as grandes personalidades que me rodeavam nunca se aperceberam disso, claro que não... entre amigos, muito amigos, pouco amigos, familia proxima ou distante, ninguém se apercebeu disso, na realidade dava imenso trabalho perceber... isto porque perceber implicava perder tempo, sentar, ouvir, falar, abraçar, limpar lágrimas, com tudo isto perdia-se imenso tempo, e tempo... tempo era dinheiro...
Fui-me formando à minha maneira, os valores que me foram incutidos estão cá, são os mesmos, e orgulho-me muito deles, e quem me os incutiu, já partiu... porque quem realmente é especial parte sempre... enfim...
cresci entre revoltas, minhas... interiores... que nada tinham a ver com ninguém... as perguntas que fazia todas as noites ao escuro do quarto continuaram ao longo dos anos sem resposta, tudo parecia em vão...
Hoje... hoje sou assim... fiz as malas e fui-me... não sei se para melhor se para pior, mas o que é certo é que me safei, e no fundo, nunca ninguém deu nada por mim... e isto sim faz-me rir... Aos 31 ainda não percebo muitas coisas, ainda há muitas perguntas que continuam sem resposta... continuo a não ser dona da minha vida, tal como todos os outros seres humanos que me rodeiam... dependemos da sociedade até para nos levantarmos pela manhã (levantamos porque temos de trabalhar e se não trabalharmos o que dirão os outros), passámos a vida à espera de alguém (ou da boleia que vai chegar, ou do amigo que se atrasou, ou da mãe ou do pai, enfim...), não fazemos isto ou aquilo porque temos que pensar nos outros, não amamos quem queremos porque temos de amar quem os outros acham que é bom para nós, não deixamos o que nos incomoda, porque isso afetará terceiros, não nos entregamos ao mundo porque não podemos deixar tudo o que temos para trás, e por aí adiante... a lista é extensa... afinal... somos donos de quê?
De quê digam-me lá???
De nada... absolutamente nada...
E então? Querem que me ria? Há motivo para rir?


Rita Reis

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